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Erros médicos: A importância da transparência e da responsabilização

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Por Marcos Tadeu Machado

 

Nos Estados Unidos, erros médicos são um problema significativo que afetam milhares de pacientes, todos os anos. Pesquisas apontam que ocorrem entre 210.000 e 440.000 mortes relacionadas a práticas equivocadas, a cada ano, por lá. Esses números são alarmantes e destacam a necessidade urgente de abordar e prevenir tais erros.

Além das mortes, eles também resultam em um grande número de lesões e danos aos pacientes. Estima-se que cerca de 1 em cada 10 pessoas sofra algum tipo de dano durante o atendimento médico. Estes podem variar de complicações pós-operatórias a infecções hospitalares, erros de medicação e diagnósticos incorretos.

As pesquisas nos EUA também revelam que muitos dos erros são evitáveis. Eles são, frequentemente, causados por falhas no sistema, como falta de comunicação entre os profissionais de saúde, falta de padronização de processos e procedimentos, sobrecarga de trabalho e falta de treinamento adequado. É essencial que sejam realizados esforços contínuos para prevenir esses erros, melhorando a comunicação, padronizando processos, investindo em treinamento e promovendo uma cultura de segurança aberta.

No Brasil, os erros médicos também são um problema sério que afetam a segurança e a confiança dos pacientes. Mas, infelizmente, não existem estatísticas oficiais abrangentes, no país, o que dificulta uma análise precisa da situação. O tema é preocupante e, por vezes, evitado pelas associações de classes, justamente onde esses erros precisam ser mitigados, buscando maior responsabilização.

De acordo com um levantamento realizado em 2017, cerca de 70% dos médicos brasileiros já cometeram algum tipo de erro, durante a prática médica. Esses variam desde diagnósticos incorretos até erros de medicação e procedimentos inadequados.

O Conselho Federal de Medicina (CFM) registra, anualmente, um número relevante de denúncias e processos disciplinares relacionados a erros médicos. Casos que envolvem desde negligência e imperícia até má conduta ética por parte dos profissionais de saúde.

A falta de dados precisos e abrangentes, no Brasil, dificulta a compreensão completa do problema. A subnotificação e a falta de transparência são desafios que precisam ser superados para melhorar a segurança do paciente.

As pesquisas são fundamentais para identificar as áreas problemáticas e desenvolver estratégias eficazes de prevenção. Esses mapeamentos ajudam a conscientizar os profissionais envolvidos, os pacientes e os formuladores de políticas sobre a gravidade do problema e a necessidade de ações corretivas.

Outro ponto de atenção refere-se a erros não relatados ou identificados corretamente. É fundamental promover uma cultura de segurança aberta e transparente, incentivando os profissionais de saúde a relatar erros e eventos adversos, para que possam ser analisados e medidas preventivas possam ser implementadas. Somente assim poderemos garantir um sistema de saúde mais seguro e confiável para todos os pacientes.

O Brasil tem buscado avançar na área da segurança do paciente. O Ministério da Saúde, por exemplo, lançou, em 2013, o Programa Nacional de Segurança do Paciente, com o objetivo de promover a cultura de segurança nos serviços de saúde e reduzir os riscos de eventos adversos. Cabe saber se o tema tem sido tratado com relevância, na medida em que há trocas de gestões. Preocupa-nos também, o setor privado e os geridos por Seguradoras e Planos de Saúde.

Em contrapartida, algumas instituições de saúde têm implementado práticas e protocolos para prevenir erros médicos, como a utilização de check-lists cirúrgicos, a padronização de processos e a melhoria da comunicação entre os profissionais de saúde.

Em resumo, embora não haja estatísticas abrangentes sobre erros médicos no Brasil, todos sabem que é um problema significativo. Portanto, fundamental que sejam realizados esforços para melhorar a transparência, a notificação e a prevenção de erros médicos, a fim de garantir um atendimento mais seguro e confiável para todos os pacientes brasileiros.

Referências:

https://revistapesquisa.fapesp.br/um-diagnostico-do-erro-medico/

https://www.fap.df.gov.br/erro-medico/

 

Marcos Tadeu Machado é membro do Conselho de Administração do Instituto Ética Saúde e um dos seus fundadores.

 

* A opinião manifestada é de responsabilidade do autor e não é, necessariamente, a opinião do IES

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