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Vamos falar de práticas ESG na saúde?

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por Patrícia Braile

 

Nos últimos anos, a discussão sobre ESG (Environmental, Social and Governance) – conhecido no Brasil como ASG (Ambiental, Social e Governança) – ganhou destaque em diversos setores, incluindo a saúde. Instituições e empresas enfrentam o desafio de integrar esses princípios em suas práticas diárias, promovendo uma abordagem ética e sustentável.

Embora o tema ESG tenha sido politizado, é importante focar na essência positiva das práticas ESG, deixando de lado as circunstâncias políticas. Valorizar ESG é construir um mundo mais sustentável em diversos aspectos. No setor da saúde, isso significa não apenas melhorar a qualidade e ampliar o atendimento, mas também preservar o meio ambiente e promover o bem-estar social.

Estudos mostram que instituições que adotam práticas ESG frequentemente alcançam melhor desempenho financeiro e ampliam o acesso dos pacientes a tratamentos. A sustentabilidade e a responsabilidade social podem reduzir custos, fidelizar pacientes e atrair investimentos.

Para avançar na implementação de ESG na saúde no Brasil, é necessário mudar mentalidades, promovendo a formação de profissionais e uma cultura organizacional que valorize ética e responsabilidade. A colaboração entre setor público e privado é crucial, pois permite unir recursos e esforços para viabilizar práticas sustentáveis em larga escala. O setor público pode oferecer incentivos fiscais, apoio regulatório e financiamento para a infraestrutura necessária, enquanto o setor privado contribui com inovações, investimentos e conhecimento técnico. Essa parceria torna possível a criação de soluções acessíveis e sustentáveis, mesmo em áreas com recursos limitados.

A adoção do ESG também requer uma estrutura de compliance que assegure a ética e a conformidade regulatória em todas as esferas de atuação, fortalecendo a governança interna e promovendo transparência. Um programa de compliance robusto orienta gestores e colaboradores na aplicação dos princípios ESG, criando uma estrutura que valoriza a responsabilidade e o equilíbrio entre objetivos financeiros e impactos sociais e ambientais.

A implementação de práticas ESG no setor de saúde é um desafio, mas também uma oportunidade para inovação e novos modelos de negócios. Vejamos alguns bons exemplos de práticas ESG na saúde:

• Gestão de resíduos hospitalares: Desenvolvimento de sistemas eficientes de separação, reciclagem e descarte de resíduos, reduzindo o impacto ambiental;

• Eficiência energética em instalações de saúde: Investimentos em tecnologia de baixo consumo, como iluminação LED e sistemas de aquecimento e refrigeração sustentáveis;

• Telemedicina e redução de deslocamentos: Adoção de telemedicina para diminuir deslocamentos de pacientes, reduzindo a pegada de carbono e promovendo acesso remoto a tratamentos;

• Aquisição de insumos de fornecedores sustentáveis: Priorizar fornecedores que adotam práticas responsáveis, como a redução do uso de plásticos e a escolha de materiais biodegradáveis;

• Práticas de trabalho inclusivas e programas de diversidade: Desenvolver iniciativas de inclusão que promovam igualdade de oportunidades para grupos sub-representados, melhorando o bem-estar social;

• Capacitação contínua em sustentabilidade e ética: Programas de formação para profissionais de saúde sobre práticas sustentáveis e ética, criando uma cultura de responsabilidade.

Essas iniciativas também incentivam a criação de um legado duradouro para as próximas gerações e oportunidades de inovação para a indústria da saúde.

Como disse John Elkington, criador do conceito de “Triple Bottom Line”: “As empresas que prosperarão no futuro são aquelas que entenderam que o lucro e o propósito não são opostos, mas sim complementares.” Isso nos lembra que o caminho para um setor de saúde sustentável e ético passa pela harmonização de objetivos financeiros, ambientais e sociais.

 

Patrícia Braile é presidente da Braile Biomédica e vice-presidente do Conselho de Administração do Instituto Ética Saúde.

 

* A opinião manifestada é de responsabilidade dos autores e não é, necessariamente, a opinião do IES

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